O 5G vai estar, no próximo ano, no centro das grandes transformações do sector das Telecomunicações. A mais recente edição “TMT Predictions 2023”, da Deloitte Global, mostra que a redução dos preços dos telemóveis 5G irá incentivar os operadores a investir em mercados periféricos. Outros cenários da consultora apontam para a expansão das redes 5G autónomas, que irão trazer tecnologias inovadoras para as indústrias. O rápido crescimento das comunicações via satélite irá, por fim, acelerar a Internet de Banda Larga.
Quebras acentuadas nos preços dos smartphones 5G, avanços tecnológicos disruptivos à conta das redes 5G autónomas e constelações de satélites de Banda Larga a fornecer Internet de alta velocidade são as grandes novidades esperadas no próximo ano. São estes os três cenários da Deloitte Global previstos para o sector das Telecomunicações em 2023.
Na sua mais recente edição “TMT Predictions 2023 – Tecnology, Media and Telecom”, a consultora internacional, com sede em Londres, enumera as grandes tendências que se poderão concretizar no curto prazo para os sectores das Telecomunicações, Semicondutores, Media e Entretenimento, Tecnologias e Fusões e Aquisições.
O Portal 5G resume aqui as previsões para o sector das Telecomunicações, onde as redes de quinta geração assumem, naturalmente, uma importância vital para alavancar a conectividade não apenas junto dos consumidores, como das indústrias e de áreas críticas como Saúde, Educação, Transportes ou Ambiente.
O primeiro destaque recai, desde logo, na grande promessa de o 5G se tornar acessível em qualquer região do planeta, incluindo os países menos desenvolvidos. Com o preço dos dispositivos móveis “mais baixos do que nunca”, a Deloitte prevê que o primeiro smartphone abaixo dos 100 dólares (95 euros) será colocado à venda em 2023.
Fabricar um telemóvel por menos de uma centena de euros poderá parecer pouco realista para os consumidores das economias mais desenvolvidas, dispostos a investir muito mais por modelos topo de gama. O certo é que aparelhos de baixo custo já são comercializados. Em 2022, segundo os dados fornecidos no relatório da Deloitte Global, 84 milhões de telemóveis, com preços inferiores a 95 euros abasteceram mercados asiáticos, africanos ou da América Latina. Todos eles compatíveis com o 3G ou o 4G.
A análise da consultora sobre os custos dos componentes para telemóveis mostra que é viável fazer o mesmo com um dispositivo 5G. As suas características, porém, seriam consideravelmente diferentes das versões mais avançadas: um ecrã de gama baixa, uma câmara de lente única, um processador de baixa potência e uma modesta capacidade de armazenamento. Estas são as condições que levariam as fabricantes a reduzir o preço dos componentes dos telemóveis.
Segundo a Deloitte, é muito provável que esta versão low cost dos telemóveis seja lançada primeiro na China, procurando-se tirar partido da cobertura quase total das redes 5G nas áreas metropolitanas. Seguir-se-ão os mercados emergentes, como a África subsaariana e o Sudeste Asiático.
A escassez de smartphones 5G baratos tem sido frequentemente apontada como uma das principais razões pelas quais as empresas de telecomunicações, nestas regiões, têm adiado a implementação das redes 5G. Mas, com o custo dos telemóveis 5G a cair drasticamente, o trunfo comercial para as operadoras poderia mudar as regras do jogo, sobretudo porque transportar um gigabyte de dados é mais barato através da tecnologia de rede 5G do que 4G.
A questão que se poderá colocar, no entanto, é qual a utilidade de um smartphone com capacidades limitadas e que poucas vantagens retira das redes móveis de última geração. Para os especialistas, a resposta está no “desbloqueio da conectividade” para que milhões de habitantes possam ter acesso a infraestruturas 5G que, a médio e longo prazo, irão fornecer novas aplicações e ferramentas para trabalho, educação, cuidados de saúde ou entretenimento.
Muito se tem falado ultimamente sobre a próxima migração das redes autónomas 5G (Stand-alone). E não é por acaso, já que são consideradas decisivas para apoiar casos de uso avançados nas empresas e indústrias. Ao contrário do 5G Non Stand-alone, as redes autónomas usam exclusivamente infraestrutura de quinta geração, fornecendo latência baixa e velocidade 100 vezes superior ao 4G.
Ao introduzirem capacidades virtualizadas e centradas na nuvem, as redes stand-alone (SA) serão capazes de operar mudanças radicais na produtividade, eficiência ou otimização dos custos nas indústrias. A Deloitte Global espera que o número de operadores a investir em redes 5G SA – com ensaios, implementações planeadas ou reais – duplique de mais de 100 operadores, em 2022, para pelo menos 200 até ao final de 2023.
Quando a cobertura das redes sem fios arrancou, em 2019, a maioria dos operadores implementou rádios 5G sobre a infraestrutura de rede 4G/LTE existente, chamada de non-standalone (NSA). Estes investimentos iniciais visavam sobretudo satisfazer as necessidades dos consumidores, oferecendo velocidades mais rápidas e transferência de dados mais elevadas para serviços como vídeos de alta-resolução nos smartphones.
Para suportar as tecnologias mais avançadas em sectores como a Indústria ou a Mobilidade, será necessária, no entanto, uma migração completa para as redes autónomas, fundamentais para desbloquear a Internet massiva de Coisas (mIoT), que permitirá conectar até um milhão de dispositivos por km quadrado.
Equipadas com estas novas capacidades, as empresas poderão começar a explorar uma gama mais ampla de aplicações e casos de utilização comercial, como veículos com condução autónoma, robótica de precisão, serviços de inspeção e entrega de drones, sistemas de segurança e controlo de qualidade, ou manutenção preditiva com base em Inteligência Artificial.
As comunicações via satélite desempenham um papel central na expansão da cobertura 5G. Não será por isso de estranhar que venham a conhecer um enorme desenvolvimento nos próximos anos. A Deloitte Global prevê mais de cinco mil satélites na orbita terrestre baixa (LEO) a fornecer, até ao final de 2023, a Internet de Banda Larga a quase um milhão de assinantes em todas as partes do planeta, por mais remotas que sejam.
O número continuará a crescer a grande velocidade, com um total entre 40 e 50 mil satélites a servir mais de 10 milhões de utilizadores em 2030. Esperam-se, como tal, novas aplicações, coberturas das redes 5G mais alargadas e latências ultrabaixas. Mas o crescimento dos satélites no Espaço poderá também trazer complicações que ameaçam comprometer o desenvolvimento das indústrias. Um ambiente orbital muito congestionado aumenta significativamente o risco de colisões, advertem os autores do relatório, alertando para a urgência de os principais concorrentes cooperarem entre si.
Entre os principais intervenientes no mercado, a consultora destaca a multinacional americana SpaceX’s Starlink, com cerca de 2600 satélites atualmente em órbita, a Kuiper, da Amazon, que anunciou o lançamento de 3226 satélites nos próximos cinco anos e ainda a britânica OneWeb, que espera ter até ao fim de 2023, mais de 600 satélites a orbitar no espaço.
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▫▪▫ Leia no relatório “TMT Predictions 2023 as previsões da Deloitte Global para as áreas dos Semicondutores, Media e Entretenimento, Tecnologias e Fusões e Aquisições, (versão em inglês).
▪▫▪ Conheça também as tendências que a Ericsson antecipa para o 5G em 2023 no artigo publicado no Portal 5G.